A Epístola a Diogneto
A Epístola a Diogneto
escrita
por um cristão anônimo, por volta do ano 120 d.C.,
respondendo à indagação de um pagão culto, que buscava conhecer melhor a nova
religião que revolucionava os valores da época, particularmente os da
fraternidade e solidariedade de relacionamento entre os seres humanos, e se
espalhava com tanta rapidez pelo Império Romano.
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ep%C3%ADstola_a_Diogneto
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Capítulo V - Os mistérios cristãos
Os
cristãos, de fato, não se distinguem dos outros homens, nem por sua terra, nem
por sua língua ou costumes.
Com
efeito, não moram em cidades próprias, nem falam língua estranha, nem têm algum
modo especial de viver.
Sua
doutrina não foi inventada por eles, graças ao talento e a especulação de
homens curiosos, nem professam, como outros, algum ensinamento humano. Pelo
contrário, vivendo em casas gregas e bárbaras, conforme a sorte de cada um, e
adaptando-se aos costumes do lugar quanto à roupa, ao alimento e ao resto,
testemunham um modo de vida admirável e, sem dúvida, paradoxal.
Vivem
na sua pátria, mas como forasteiros;
participam
de tudo como cristãos e suportam tudo como estrangeiros. Toda pátria
estrangeira é pátria deles, e em cada
pátria é estrangeiro.
Casam-se
como todos e geram filhos, mas não abandonam os recém-nascidos. Põem-se a mesa
em comum, mas não no leito;
estão
na carne, mas não vivem segundo a carne; moram na terra, mas têm sua cidadania
no céu; obedecem as leis estabelecidas, as com sua vida ultrapassam as leis;
amam a todos e são perseguidos por todos; são desconhecidos e, apesar disso,
condenados; são mortos e, deste modo, lhes é dada a vida; são pobres e
enriquecem a muitos; carecem de tudo e tem abundância de tudo; são desprezados
e, no desprezo, tornam-se glorificados; são amaldiçoados e, depois, proclamados
justos; são injuriados, e bendizem; são maltratados, e honram; fazem o bem, e
são punidos como malfeitores; são condenados, e se alegram como se recebessem a vida. Pelos
judeus são combatidos como estrangeiros, pelos gregos são perseguidos, a
aqueles que os odeiam não saberiam dizer o motivo do ódio.
Capítulo VI - A alma do mundo
Em
poucas palavras,
assim
como a alma está no corpo, assim estão os cristãos no mundo.
A
alma está espalhada por todas as partes do corpo, e os cristãos estão em todas
as partes do mundo.
A
alma habita no corpo, mas não procede do corpo; os cristãos habitam no mundo,
mas não são do mundo. A alma invisível está contida num corpo visível; os
cristãos são vistos no mundo, mas sua religião é invisível. A carne odeia e
combate a alma, embora não tenha recebido nenhuma ofensa
dela,
porque esta a impede de gozar dos prazeres; embora não tenha recebido injustiça
dos cristãos, o mundo os odeia, porque estes se opõem aos prazeres. A alma ama
a carne e os membros que a odeiam; também os cristãos amam aqueles que os
odeiam. A alma está contida no corpo, mas é ela que sustenta o corpo; também os
cristãos estão no mundo como numa prisão, mas são eles que sustentam o mundo. A
alma imortal habita em uma tenda mortal; também os cristãos habitam como
estrangeiros em moradas que se corrompem, esperando a incorruptibilidade nos
céus. Maltratada em comidas e bebidas, a alma torna-se melhor; também os
cristãos, maltratados, a cada dia mais se multiplicam. Tal é o posto que Deus
lhes determinou, e não lhes é lícito dele desertar.
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